Você sabia que o consumo adequado de alimentos pode potencializar a ação de alguns medicamentos? Os nutrientes estão envolvidos na produção e funcionamento de hormônios e neurotransmissores diretamente relacionados à fisiopatologia e etiologia dos transtornos psiquiátricos, ajudando a modular algumas funções cerebrais. E a saúde da mulher tem suas particularidades que serão abordadas no texto de hoje.

O padrão de alimentação foi alterado ao longo dos anos. Em 2024, temos  refeições cada vez mais curtas, com cada um no seu canto, sem as tradicionais refeições em família. Pequenas mudanças nos hábitos alimentares são sustentáveis ​​e suficientes para ter um impacto positivo na saúde mental.

Todo o mês, a mulher passa por alterações hormonais no período menstrual, por isso pode ocorrer: retenção de água, deficiência de vitamina B6, aumento de prolactina (hiperprolactinemia), alterações de prostaglandinas na fase lútea tardia, também conhecida como fase pré-menstrual, entre inúmeras outras mudanças.

Uma variedade de vitaminas e suplementos dietéticos, incluindo a Piridoxina (vitamina B6), vitamina E, cálcio,magnésio e ômega 3 foram estudados como

agentes terapêuticos para os sintomas da TPM (transtorno pré-menstrual) porém ainda sem evidências robustas.

 Além disso, a falta de vitamina B6 e magnésio pode ser responsável pelo estresse e alterações hormonais. Sua reposição parece aumentar o nível sérico de progesterona influenciando os níveis de serotonina (aquele neurotransmissor onde age o Escitalopram, Sertralina, Fluoxetina, etc...), a qual é um neurotransmissor sintetizado a partir do triptofano, agindo na modulação do humor, melhora dos sintomas da TPM e controle alimentar.

Podemos encontrar triptofano nos alimentos ricos em carboidratos (sua biodisponibilidade é aumentada pela secreção de insulina, o transportador natural do aminoácido para o sistema nervoso central).

Ademais, o ômega 3, cálcio e vitamina D tem impacto positivo na saúde da mulher. A maioria dos estudos mostram que uma dieta rica em peixes (ômega 3) diminui o risco de depressão e outros transtornos psiquiátricos. Um bom exemplo é a dieta do mediterrâneo. Trata-se de uma alimentação cujo nome é devido ao Mar Mediterrâneo, praticada principalmente na Espanha, França, Itália, Grécia, e que prioriza grãos integrais, frutas, vegetais, legumes, nozes, ervas, especiarias, peixes e azeite. Tal dieta também diminui risco de câncer e outras doenças crônicas.

 Mas e o cálcio? Com o avançar da vida há uma redução da massa óssea, que pode ser agravada quando associada à ingestão inadequada de cálcio. Durante o período do climatério, que corresponde ao fim do período fértil da mulher, há um aumento na prevalência de osteoporose e osteopenia devido à diminuição progressiva da taxa ovariana. Para a maioria das mulheres, a osteoporose pode ser prevenida por uma alimentação balanceada, rica em cálcio e vitamina D (leites e derivados - se você é intolerante à lactose também há opções) associado a atividade física regular.

Por fim, destaco os probióticos: são microrganismos vivos, capazes de melhorar o equilíbrio da microbiota intestinal, também conhecida como flora intestinal. Um campo cada vez mais estudado é que pode ser a chave para o cuidado da saúde integral.

 

Confira 5 dicas para melhorar sua alimentação:

  • Elaboração de um diário alimentar: é um meio de monitoramento comportamental, que permite notar e melhorar sua relação com a comida, além de controlar suas atividades diárias.
  • Refeições pequenas e fracionadas: não fique muito tempo sem comer.
  • Reduza o sódio (encontrado principalmente no sal e alimentos ultraprocessados), pois isso diminui aquele famoso “inchaço”.
  • Leia sempre a embalagem para saber o que está consumindo e a quantidade. Se possível, prepare sua comida, você pode descobrir novos prazeres.
  • Cuidado com fórmulas milagrosas! Procure sempre um profissional qualificado.

 

Referências bibliográficas:

 

  • Sarris J. Clinical use of nutraceuticals in the adjunctive treatment of depression in mood disorders. Australas Psychiatry. 2017;25:369–72.
  • Diet, Nutrition, and Women’s Mental Health - Women’s Mental Health - A. T. Kachani and Y. A. de Lima Furtado

Autor do texto:

Dr. Milton Spolon