Skin picking - Transtorno de escoriação
O transtorno de escoriação pode ser definido como o comportamento irresistível de cutucar, beliscar ou escoriar a pele até ocasionar múltiplas feridas, o que gera sofrimento e/ou prejuízo social na vida no indivíduo. Este comportamento pode ser automático (sem muita consciência) ou focado (com maior consciência). Em geral está associado à dificuldade em identificar ou manejar estados emocionais negativos de maior intensidade (como a ansiedade) ou menor intensidade (como o tédio). O indivíduo costuma ser perfeccionista e exigir de si mesmo altos níveis de produtividade em sua rotina.
O DSM-V, incluiu o diagnóstico do Transtorno de Escoriação (skin picking) como parte do capítulo do Transtorno Obsessivo Compulsivo e outros transtornos relacionados, descrevendo critérios diagnósticos que consistem em: comportamento de beliscar a pele recorrentemente causando lesões, sendo relatadas diversas tentativas de parar ou reduzir o comportamento autolesivo. Este comportamento causa sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas da vida e não se apresenta como consequência fisiológica do uso de uma substância (por exemplo, cocaína), ou a outra condição médica que justifique (por exemplo, escabiose). O comportamento de beliscar a pele, não pode ser mais bem enquadrado como sintoma de outro transtorno mental, como: transtorno psicótico (delírios ou alucinações táteis), transtorno dismórfico corporal (tentativa de melhorar aparência corrigindo um defeito ou falha percebida), transtorno de movimento estereotipado (estereotipias) ou autolesão não suicida (intenção de causar danos a si mesmo).
Dentre as particularidades do transtorno, encontra-se o fato de que o ato de beliscar normalmente não acontece na presença de outras pessoas, ou apenas na presença de familiares. Pode envolver uma série de comportamentos ou rituais direcionados a um tipo específico de crosta ou irregularidade. Para alguns indivíduos o comportamento ocorre de forma mais focada (quando busca o alívio da tensão). Para outros, de forma automática (não é perceptível a tensão precedente). Ou ainda, pode ocorrer de forma mista. Os sentimentos relatados como desencadeantes relacionam-se ao tédio ou ansiedade e a uma tensão crescente que antecede o comportamento de beliscar ou de resistir a este impulso. São também relatadas lesões desencadeadas por uma sensação corporal desagradável, mas, na maior parte dos casos não é relatada dor em decorrência da escoriação.
Pessoas de diferentes idades podem apresentar o TE. O início ocorre com maior frequência na adolescência e vinculado a uma condição dermatológica como a acne. O curso geralmente é crônico e quando não tratado pode ser direcionado a partes alternadas do corpo e apresentar remissões e exacerbações durante a vida. O diagnóstico dermatológico é dispensável, tendo em vista que os indivíduos admitem provocar as lesões, mas o quadro pode ser desencadeado ou acentuado por uma condição dermatológica já existente, situação que requer aprofundamento na avaliação para determinar a ocorrência ou não de comorbidade.
Referências Bibliográficas:
DSM V